Poeta singular e pouco conhecida no Brasil, Anna deixou um
grande legado com sua poesia intimista, que se entrecruza com sua experiência
de vida.
Anna
Akhmátova nasceu Anna Andreebna Gorenko
Natural de Odessa na Ucrânia nasceu em 1889 quando seu país
ainda fazia parte do Império Russo.
Iniciou sua carreira em uma época em que as mulheres ainda
não tinham sua independência, foi perseguida durante o stalinismo, sua irmã
Irina morre aos 27 anos em 1906, deixando uma enorme dor em Anna, além disso, teve
seu primeiro marido morto, o segundo assassinado em um campo de concentração
durante a II Guerra Mundial, e seu filho do primeiro casamento preso por mais
de 10 anos entre as décadas 30 e 50.
foto.
Nikolai Sumilyov,
primeiro marido de Anna. Com seu segundo marido Nikolai Nikolaevitch Punin. Seu
filho Liev Nikolaevitch Sumilyov.
Anna fez com seus poemas fossem reconhecidos como os
escritos por algum homem, devido a qualidade de seu trabalho. Foi e ainda é uma
grande inspiração para as mulheres.
Mesmo com tantas acontecimentos drásticos em sua vida, se
submeteu à censura, à perseguição e ao silencio, fazendo com que muitas de suas
obras não fossem publicadas durante sua vida (só tornaram–se públicas duas décadas
após sua morte).
Uma de suas maiores
obras onde está refletida sua experiência como mulher, mãe e até mesmo inimiga
do povo é “Réquiem”, composto por vários pequenos poemas.
Trecho de Réquiem:
Nem ao abrigo de asas estrangeiras
Eu estava bem no meio de meu povo,
Lá onde meu povo infelizmente estava.
Lá onde meu povo infelizmente estava.
Separamos mais três lindos poemas desta grande mulher,
traduzidos por Lauro Coelho Machado:
Primeira canção
(1956)
"O mistério de um
não-encontro
tem desolados
triunfos:
frases não-ditas,
palavras silenciadas,
olhares que não se
cruzaram
nem souberam onde
repousar -
só as lágrimas se
alegram
por poderem livremente
correr.
Um roseiral perto de
Moscou
- ai meu Deus! - teve
tanto a ver com tudo isso...
E a tudo isso
chamaremos
de amor imortal."
No lugar de uma
dedicatória (1963)
"Ando sobre as
ondas e me escondo na floresta,
sou esboçada no puro
esmalte do céu.
A separação talvez não
seja tão difícil,
mas um encontro
contigo mal é suportável."
Canção de despedida
(1959)
"Não ri e não
cantei:
fiquei o dia inteiro
calada.
Mais do que tudo
queria estar contigo
de novo, desde o
começo.
Irrefletida primeira
briga,
absoluto e claro
delírio;
silenciosa,
insensível, rápida,
nossa última
refeição."
Para quem quiser conhecer mais sobre poeta, leio o livro
Anna, a voz da Rússia de Lauro Coelho Machado – um grande sucesso da editora
Algol.
Imagens: http://russiashow.blogspot.com.br
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